heimskur
Por algum motivo masoquista, me veio a cabeça aquela sessão de cinema que fomos. O homem que virou suco. Naquele cinema pequeno, que depois de alguns meses faliu. Lá, naquele dia, eu conheci a sua moto. E te falei de como você iria cair dela algum dia. E logo após essa memória, que me veio enquanto eu sentia com os dedos os machucados na minha cabeça (causados pela tintura), me veio a imaginação. Sua última palavra. "Porra"? "Merda"? Ou, nem isso. Um simples "Ai". E a imaginação, mais uma vez, me vem dizer o que poderia ter acontecido.
- C.! Onde você tá?
- Tô no hospital, sofri um acidente.
- Tá bem?
- Tô, tô, quebrei a perna e uns dedos da mão, mas vou sobreviver.
E a realidade me bate na cara. Nem tetraplégica ela ficou. Nem em coma. Nem um vegetal pra eu falar oi. Nem um corpo. E minha avó se espantou quando eu disse que fui ao cemitério visita-la. "Você acredita nessas coisas?" ela me disse. Nunca acreditei. Mas preciso. Preciso me agarrar a algo inexistente pra manter a minha existência.
Malditas imaginação e realidade que não se entendem.
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*.iso - The Blackwell Unbound
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