26 de fev. de 2012

P.T.S.


In the dark,
they're pretty the same.
With tear stained eyes,
they're pretty the same.
Looking through the blurry fog from my memories of her,
they're pretty the same.

*.log - home
*.mp3 - Massive Attack - Inertia Creeps
*.txt - none
*.iso - none
*.dvd - none

24 de fev. de 2012

Joni


Eu não consigo ainda. A dor ainda é insuportável. A dor física, eu digo. Estive na beira do seu legado hoje. Molhei os pés nos seus textos, para ver como estava a temperatura. Está num frio congelante. Eu, que só senti com os dedos dos pés, já me congelei. Naquele nível em que você súplica para alguém te dar um fim, pois cobertor nenhum irá te esquentar de volta.

Meu nome é Joni.

Se eu pular de cabeça, ou melhor, QUANDO eu pular de cabeça, devo superar a dor. Por enquanto, uma fração da brasa do cigarro ainda me dói. Ainda me deixa correndo descontroladamente, como um cachorro com bombinhas amarradas ao rabo. Não é isso que vai me levar até você. Não são queimaduras, mas talvez a tolerância à dor me aumente as possibilidades.

Meu nome é Joni. E pelo bem da sua história, eu devo morrer. Ao estilo Shakespeare. Meu nome é Joni, e eu sou um simples personagem de cabelos cacheados e nariz odioso. E se, ao fim da sua história, você morreu, mesmo que não tenha sido escrito, eu morro também.

Se há inferno para suicidas, eu me matei, e cá estou. No inferno. Meu inferno particular. Se há almas gêmeas, a minha morreu. E este é o meu inferno.

Meu nome é Joni e eu já nasci morto.

*.log - house
*.mp3 - The Verve - Sonnet
*.txt - some of you
*.iso - none
*.dvd - none

23 de fev. de 2012

Stoppd


Na casa onde o tempo parou, no dia em que você saiu de lá para nunca mais voltar.
Há o seu sorvete no freezer. Virou uma massa que nem Chinaski comeria.
Há um pacote de Oreo pela metade no armário, devidamente coberto de teias de aranha.
Há uma garrafa de vinho pela metade, na geladeira. Se vinho bom é vinho envelhecido, este é o melhor do mundo.
Há crises de choro.
Há textos. Sobre mim. Sobre Joni.

Há você lá. Por todos os lados. Só falta seu corpo.

*.log - house
*.mp3 - Pato Fu - Canção Pra Você Viver Mais
*.txt - none
*.iso - none
*.dvd - none

22 de fev. de 2012

Dear C.


"I collected all the letters I’d ever meant to send to you, if I’d have ever made it to the mainland but had instead collected at the bottom of my rucksack, and I spread them out along the lost beach. Then I took each and every one and I folded them into boats. I folded you into the creases and then, as the sun was setting, I set the fleet to sail. Shattered into twenty-one pieces, I consigned you to the Atlantic, and I sat here until I’d watched all of you sink."

Dan Pinchbec

*.log - house
*.mp3 - Jessica Curry - Always
*.txt - none
*.iso - Dear Esther
*.dvd - none

18 de fev. de 2012

Habeas Corpus


"My mind, which had been my most precious possession has become my enemy, and it tortures me. It tortures me with thoughts of what might've been and what might be to come, and I can feel my mind very slowly breaking up.
Now, you take women, for example. I used to... I used to love what they were and how they thought and how they smelled and... And now I, I dread it when they come into the room because I loathe the way they make me feel. You know, I am filled with an absolute sense of outrage that you, who have no knowledge of me whatsoever have the power to condemn me to a life of torment because you cannot see the pain.
There's no blood, there's no screaming. So you can't see it? Your Honor, if you saw a mutilated animal on the side of the road, you'd shoot it. Now, I am only asking for the same mercy that you would show that animal. And I am not asking anyone to commit an act of violence. Just take me somewhere and leave me.
And if you don't... If you don't, then you come back here in five years and you see what a piece of work that you've done here today."

*.log - house
*.mp3 - none
*.txt - none
*.iso - none
*.dvd - Whose Life Is It Anyway?

16 de fev. de 2012

Ethereal


Oh, and what about that?
'That' that shatters the barriers of time. And life. And death.
That.
No picture can hold that.
No song can describe that.
There's no word for that.
Oh, what about that?

It's more like a hook.
It's more like an inter-dependencie.
It's more like a needed mutual parasite relation.
It's not like love, hate or any simple word.
It's more than that.

It was her. And me.
It was us.
And what we never had time to be.
That.
We almost become.
And there, in the fringe of perfection, is where she lies.
In there. I try to raise and grab her, but it's ethereal.
Too late.
That's gone.

She's nothing, now.
We're nothing, now.
And I...
Well, that, I'll just wait.

*.log - house
*.mp3 - none
*.txt - none
*.iso - none
*.dvd - none

15 de fev. de 2012

heimskur


Por algum motivo masoquista, me veio a cabeça aquela sessão de cinema que fomos. O homem que virou suco. Naquele cinema pequeno, que depois de alguns meses faliu. Lá, naquele dia, eu conheci a sua moto. E te falei de como você iria cair dela algum dia. E logo após essa memória, que me veio enquanto eu sentia com os dedos os machucados na minha cabeça (causados pela tintura), me veio a imaginação. Sua última palavra. "Porra"? "Merda"? Ou, nem isso. Um simples "Ai". E a imaginação, mais uma vez, me vem dizer o que poderia ter acontecido.

- C.! Onde você tá?
- Tô no hospital, sofri um acidente.
- Tá bem?
- Tô, tô, quebrei a perna e uns dedos da mão, mas vou sobreviver.

E a realidade me bate na cara. Nem tetraplégica ela ficou. Nem em coma. Nem um vegetal pra eu falar oi. Nem um corpo. E minha avó se espantou quando eu disse que fui ao cemitério visita-la. "Você acredita nessas coisas?" ela me disse. Nunca acreditei. Mas preciso. Preciso me agarrar a algo inexistente pra manter a minha existência.

Malditas imaginação e realidade que não se entendem.

*.log - house
*.mp3 - none
*.txt - none
*.iso - The Blackwell Unbound
*.dvd - Fringe - The Complete 3rd Season

11 de fev. de 2012

Na Falta De Outro, Seja Um


Às vezes dá uma vontade horrível de escrever, mas as idéias não chegam.
Aí eu penso em alguma história,
e tento lembrar detalhes da minha vida.
E eu esqueci. Tantas coisas aconteceram, e eu só sei o resumo.

Já tentei escrever sobre meu passado, e cada vez que leio, noto quanto falta. Quantas coisas já saíram da minha memória. E aquela que deveria ter saído há tempos, não sai.

Às vezes, me pego pensando: "E se eu nunca tivesse a conhecido?" ou "E se ela tivesse chegado em casa, aquele dia?". E se qualquer coisa diferente fosse verdade? Essas possibilidades me assustam. Me incomodam. Profundamente. Fico paranóico. Paranóico de verdade. Analisando milhões de possibilidades, tentando dividir a culpa com o mundo. Tentando achar onde eu deveria ter feito diferente, e o que aconteceria se, de fato, eu tivesse feito qualquer coisa diferente. Qualquer coisa. E acabo indo por um caminho mentalmente opressivo. O que faço agora, neste exato momento, está mudando meu futuro. O que eu faço agora, neste exato momento, dá mais vida à uma ou mais pessoas e menos a outra. E eu? Me incluo em qual? O que me parece é: a cada noite dessas, acordado, lembrando dela, é um dia que me aproximo mais de morrer.

Morrer é fácil. Métodos são fáceis. Mas alguma coisa em mim me segura. A saudade de me sentir bem, talvez. A esperança estúpida de algum dia eu encontrar uma moça que supere o que a C. foi pra mim. A esperança FALSA e ESTÚPIDA.

Tento negar o óbvio para evitar o inevitável: "Não existe outra, Elísio, pode se matar."

- Lembra que você desejou a morte de alguém que você amasse, para justificar a tristeza? Para as pessoas sentirem dó de você?
- Não era pra ser ela.
- Quem mais você amou?
- Não era pra ser ela.
- Era pra ser quem?
- Qualquer outra ex. Alguém que fosse sumir da minha vida de qualquer forma, como fizeram. Não era pra ser minha melhor amiga. Meu maior e único amor.
- Até agora.
- Duvido.
- Não duvide.
- Não me venha com frases otimistas. Não me subestime.
- Não exija tanto das pessoas. Ela era incrível, você nunca vai achar ninguém igual, então diminua seus ideais.
- Jamais.
- Não seja teimoso.
- Por que devo negar o que acho certo? Por que devo querer algo abaixo do perfeito? Eu mereço. Principalmente agora.
- A vida não tem esse tipo de justiça. Não basta merecer, Elísio.
- O que mais você quer que eu faça?
- Corra atrás, ora!
- "Corra atrás, ora" é o meu caralho. Quando fui correr atrás da C., você viu o que aconteceu. Ela morreu indo me ver. ELA MORREU INDO PRA PORRA DA MINHA CASA.
- Calma mano.
- ... [começa a chorar]
- Não chora Elísio. Não chora.
- Vai se foder.
- As coisas vão dar certo. Você vai ver. A vida tem ondas de sorte e azar. Considere a morte da C. como o ápice da sua onda de azar. Considere que nunca mais algo vai te deixar tão mal. Não posso dizer que daqui pra frente vai ser só alegria, mas, olha só, o pior dia da sua vida já passou. Lembra que você dizia pra você mesmo "Calma, amanhã vai ser pior"?
- Hm.
- Então. Não vai mais. Nunca mais.
- Mas as coisas não melhoram. As coisas não melhoram. Não é questão de onda passar, nem ápice. Estou nessa constante desde o dia que ela se foi. Não vou mentir e dizer que não melhorou nem um pouco, mas foi nada comparado à como eu estava antes. Antes dela morrer, eu estava contemplando suicídio, como em toda minha vida. E agora? O que me resta? Eu não estava dramatizando, cara. Eu estava realmente vazio. Realmente sem propósito. E agora? Heim? Você entendeu? Eu já estava mal. Eu já estava mal pra caralho. Fui falar com ela por que ela me ajudava. Não ajudava necessariamente, mas me entendia. E tinha praticamente a mesma vida que eu. Acordada a noite, vagabunda, poeta fajuta. Me sinto ridículo toda vez que chego a essa conclusão, mas ela era minha alma gêmea cara... [a última silaba quase não saí. explode um choro infantil, com soluços e nariz escorrendo]
- Elísio...
- E-e-eu se-sei que sou paté.. [assoa o nariz] ..patético...
- Não é... Considerando o que você tem passado...
- E tem essa moça que me ajuda. Me dá uns momentos de alegria... eu tento me agarrar a ela, mas basta ela não estar perto pra eu voltar pra merda...
- Eu sei dela.
- Ela ajuda de perto, mas de longe fica indiferente...
- Que merda isso. Você devia se afastar dela.
- Não posso.
- Por que não? Ela não merece sua canalhice.
- Canalhice??? É o mínimo que eu mereço. Um pouco de alegria.
- Mas qual o preço?
- Não sei cara. Deixa eu ser inconsequente um pouco. Como a C. seria.
- Não pode Elísio... Você vai magoar alguém assim...
- Eu não sou responsável pelos outros.
- Fala isso pra culpa que vai sentir depois.
- Não vou sentir culpa por que não estou contando nenhuma mentira. Está tudo às claras.
- Menos mal. Mas mesmo assim. Você não deveria...
- Não deveria o caralho. Foda-se. Se me faz um pouco bem, eu faço. Deixa alguma coisa na minha vida ser boa.
- E se acabar?
- Se? [riso sarcástico] Quando acabar, eu executo meu plano.
- Não vai usar isso como ameaça pra prolongar as coisas não né?
- Pelo contrário.
- Ela sabe das suas intenções?
- Sabe.
- Hm. Não vai deixar ela se sentindo culpada?
- Todo mundo que me conhece vai se sentir culpado. Mas isso não é por causa de eu ter me matado. Veja com a C., por exemplo. Ela morreu num acidente. A minha lógica diz que apenas eu fui o culpado. Quer dizer, em grande parte. Por ter falado a ela que poderia ir pra casa. Mas o padrasto dela também se sentiu. E os amigos. E a mãe. Deus, até o gato dela.
- Não entendi.
- Em resumo: para mortes trágicas, como acidentes e suicídios, é comum as pessoas que ficam se sentirem culpadas. Pra acabar com essa culpa, só se eu pegar uma doença crônica ou morrer de velho. Ou matar todo mundo comigo!
- Ridículo.
- É.
- Esse texto já tá ficando grande demais. Assim espanta as pessoas.
- Foda-se.
- Chega.

*.log - house
*.mp3 - Beethoven - Piano Sonata No. 14, Op. 27: I. Quasi Una Fantasia
*.txt - J.M. Wisnik - O Som E O Sentido
*.iso - The Blackwell Legacy
*.dvd - 'night Mother

9 de fev. de 2012

B.


Sem mim, você não vive.
E também não morre,
pois quem vai te ensinar a morrer,
sou eu.

*.log - house
*.mp3 - Mombojó - Merda
*.txt - J.M. Wisnik - O Som E O Sentido
*.iso - none
*.dvd - none