30 de jul. de 2011

F.Y.F. (Fuck You, Fate)

You can try to

, but the past will catch you up as you run faster.

Vou evitar começos
para evitar finais.
Vou esperar a morte chegar,
impaciente pelo atraso.
Na verdade,
fui eu quem chegou adiantado.
Vou atrás da mediocridade,
onde não há chances de eu cair de amores por nada.

Não combino mais nada para amanhã,
talvez para semana que vem.
Não combina com perfil psicológico de suicida
fazer planos a curto prazo.

*.log - home
*.mp3 - Morrissey - My Life Is A Sucession Of People Saying Goodbye
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25 de jul. de 2011

Letter For An Unattempted Suicide #8 (Para A.)



Quase te liguei, mas não quis te acordar. Principalmente por que sei que nada que você disser vai mudar minha cabeça dura. O principal é, uma hora ou outra eu ia voltar a me sentir assim. Eu sei, a gente ia terminar um dia. O fato de ter sido mais cedo do que eu esperava não muda nada.

Com isso, quero dizer que minha depressão e minhas tendências suicidas não são culpa sua. Nem mesmo culpa da morte da C.. Hoje foi só mais um dia que eu desejei a morte. Isso é rotina pra mim. Me incomoda muito, mas é rotina.

Se eu morasse em algum lugar alto, num apartamento, já teria me matado há tempos. E se não tivesse ainda, por algum motivo, hoje eu me jogaria, ouvir aquele som de vento (o mesmo de quando você coloca a cabeça pra fora do carro numa estrada) e, por fim, morrer.

É tudo que eu mais desejo, mesmo quando estou com alguém, no fundo, o desejo está lá. A minha morte, causada por mim mesmo, é só uma questão de tempo.

Eu tento achar motivos pra esse desejo, saudade de você, saudade da C., saudade do meu pai, mas no fundo, não tenho nenhum motivo. Meu motivo é só estar de saco cheio de viver. Todo dia.

Por mais que eu encha minha cabeça com amores, o desejo está aqui.

Não tenho motivação pra fazer nada, e quando faço algo é por que me obrigo a tentar. Ainda procuro algo pra me fazer querer viver, mas não tenho nem ideia do que.

E, da mesma forma, não sei por que continuo buscando ajuda de amigos. Nada adianta, A.. Nada nada nada.

Para as pessoas com cabeça normal, cada dia que eu não morro é uma vitória. Pra mim, cada dia que eu não morro, é uma derrota. É a minha covardia diante do suicídio. Minha vontade mais pura que, todo dia, eu não consigo realizar.

Isso não é nenhuma coisa horrível, sabe? Apesar das crenças e religiões dizerem o contrário, se matar não tem nada de ofensivo. É egoísta, sim, mas só por que a nossa sociedade é baseada em sentimentos, em família e amigos e tal. Mas veja, por que eu devo continuar levando algo que me incomoda tanto, só para não causar dor nos outros? Eu devo me sacrificar para que os outros não sintam dor? Por que diabos EU tenho que suportar tanto vazio? Pelos outros? Não é feio viver pelos outros?

Queria uma resposta sua agora, mas você está dormindo. Queria conseguir sentir motivação pras coisas. Queria poder passar um dia sem precisar fingir que tá tudo bem pra quem vê de fora.

Não tenho medo de morrer. Tenho medo de sentir mais dor. Por isso, nunca cortei os pulsos. Por isso, nunca tomei água-sanitária. Por isso, nunca me joguei na frente de um ônibus. Mas, veja, qualquer sexto andar dá conta do recado. Qualquer arma de fogo dá conta do recado. Infelizmente, pra mim, não tenho acesso à essas coisas.

Sinto falta de viver, mas ora, como posso sentir falta de algo que nunca fiz?

Quero o fim. Preciso do fim. O quanto antes.

Eu sei que a C. se sentia dessa forma (já havíamos conversado sobre isso), por isso nunca a condenei por tentar se matar. Da mesma forma, não penso "coitada, foi tão cedo". O que penso sobre a morte dela, na verdade, é: "sortuda! foi primeiro que eu! e nem ficou com a fama de suicida, ainda por cima!".

Acho que essa mensagem nem merece resposta. Não há o que responder. Só precisava desabafar.

*.log - house
*.mp3 - Philip Glass - Metamorphosis Five
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21 de jul. de 2011

Música Ambiente de Caixão



Quando eu morrer,
me enterrem com fones de ouvido.
E sempre que forem me visitar,
coloquem uma música para eu ouvir.

A morte, diante da morte, não é nada.
Sobre quem a deseja e a consegue,
o choro do resto, é pela falta,
o choro do resto, é puro egoísmo.

Para quem a deseja e a consegue,
tudo é sonho alcançado.
E o a única dor que resta
é a dor do resto.

*.log - house
*.mp3 - György Ligeti - Adventures
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20 de jul. de 2011

Afinal



Afinal, a coragem veio.
E o fel, veja só,
não é tão amargo
pra quem nunca provou o mel.

Uma mudança tão simples,
um botão,
que as pessoas dizem tirar responsabilidade.
Se somos responsáveis pelo que cativamos,
eu não sei.

Mas que dói a dor de quando nos entregamos
para evitar que a culpa corroa o cérebro
e não há quem te tranque a cela,
ah, isso dói.

Enquanto ignoro o máximo que sou capaz
e aproveito apenas os menores caprichos
(os mais simples e frívolos, apenas),
sei que há quem se esbalda com o que não tenho usado
(nunca pretendo usar).

O sono bate,
a saudade vem,
um rosto em nevoeiro.
Não tenho fotos,
nem memórias.
Não tenho.
Só a culpa.
Só a culpa e nada mais.

Vamos em paz?

*.log - house
*.mp3 - The Smiths - I Know It's Over
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9 de jul. de 2011

In Brussels (Pizza Hut)



Dois pares de olhos castanhos se encontram
Estes sim, jamais se encontrarão de novo
Por trás das divisórias das mesas
Tudo que um vê do outro são os olhos
Mas a cidade está cheia de turistas
E os dois pares pertencem a países diferentes
Nunca trocarão palavras ou outros olhares
Possibilidades que se perdem e se ganham

*.log - Bruxelas, Bélgica
*.mp3 - none
*.txt - Irvine Welsh's Trainspotting
*.iso - none
*.dvd - Game Of Thrones